Meus textos sempre, ou quase sempre, surgem de uma
inquietação – uma pulga atrás da orelha ou uma pedrinha que insiste em
dificultar o caminhar. Estas pedras e estas pulgas não são mera invenção de uma
mente puramente criativa, elas estão aí, no mundo extenso, causando muito
incômodo e insatisfação.
Se sempre, ou quase sempre, escrevo por esses motivos, hei
de ter uma boa causa para, mais uma vez, estar soltando as letras! E a tenho...
Talvez ela não seja apenas uma, e, provavelmente, outras situações contribuam
para seu agravamento. Mas, afinal, de que raios estou falando? Se anteriormente
tivesses lido algum de meus textos suspeitaria do que falo e não somente isso,
certamente concordarias, ou não... – no caso de estares no extremo lado oposto.
Meus textos, para quem nunca os leu, sempre versam sobre a
vida e tudo que gira em torno dela. Liberdade, responsabilidade, sonhos, ambições,
medo, angústia: são estes apenas alguns temas mais recorrentes nos meus
escritos. E se tais textos não falam a caráter puramente filosófico, ou emotivo,
reclamam da existência enquanto coisa dada ou forjada. Exige para nós enquanto ‘seres’
uma espontaneidade e singularidade, as quais, acredito eu, devem ser expandidas
a cada homem.
É exatamente neste ponto que explica o prólogo do texto:
estou com uma pedrinha no meu sapato, e ela está me impedindo de caminhar para
aquilo que concerne à minha mais genuína existência: a liberdade! Não me sinto
livre, nem estou. Óbvio que não retrato aqui a liberdade de ser tudo ao mesmo
tempo, não se trata de tal ufania! Falo, antes de um campo possível e viável de
liberdade: a liberdade experiencial.
Quantas críticas e contingências, até punições e certos
tipo de humilhação, não são deferidas contra quem apenas exige o direito de ser
daquele modo, acreditar naquilo e viver singularmente? Quantos absurdos e sapos
não são engolidos todos os dias para sobreviver ileso da prisão que é o provar
de uma família e de uma sociedade higiênica dos “maus costumes”?! São muitos! E
já estou farto disso. Farto de todos os dias ter de levantar já com o fardo em
minhas costas e deitar com todas as dores de um dia dilacerante... Farto de ter
de escutar tantas barbaridades, ver tantos olhares de nojo e gestos repulsivos.
Minha fadiga e desesperança chegam quase a acabar minha fé
na vida e minha esperança num futuro melhor... O que eu fiz pra merecer tanto
ódio, rancor? Por que preciso ser tão lavado e purificado neste sangue? Minha
desobediência em querer ser eu próprio parece até deixar ainda mais coléricos
aqueles que preferem levar uma cruz e uma pedra no sapato, a terem de se
entregar a um percalço e dar lugar às outras possibilidades.
Contrário a tudo isso, seria muito bom se fosse verdade
aquilo que escreveu o ilustre Sartre: “estamos condenados a ser livres”... Ao
menos assim poderia eu ser, quem sabe, um pouco mais feliz.
Muitas vezes, nossa liberdade é uma questão de decisão. Sobre Satre, prefiro entender que estamos condenados às consequências da liberdade. A nós, coragem!
ResponderExcluirPERFEITO !!!
ResponderExcluirSEM PALAVRAS.
PRIMEIRA VEZ QUE COMENTO !!
ResponderExcluir\O/
Que tal provar um pouco de terrorismo poético? Abraços!
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