domingo, 28 de abril de 2013

Eu me chamo fome


Aquilo que sentes no estômago
Consumindo por dentro suas entranhas
Contorcendo, no fundo, seu âmago
Avisa que dentro só tem aranhas!

Que fome, que fome, que fome!
É ela mesma, a desgraçada!
Que não nos deixa pensar nada
E derruba qualquer "home"!

Sua presença dá fraqueza,
Dor de cabeça que é uma beleza
Tontura, vista preta, suor frio.

Antes que eu tenha mais um rodopio
Melhor ir logo fazer ali uma visitinha 
A procurar comida na minha amada cozinha!

sábado, 27 de abril de 2013

Triste fim

Ele está disposto a me esquecer,
Eu estou disposto a aceitar isso.
Ele tem medo de sofrer,
Não quis assumir um compromisso.

Portanto é melhor dar um tempo
Que é pra ver se em algum momento
Nossos caminhos voltam a se cruzar...
Mas me pergunto: será...?

Ainda tento não trazer à memória nossos instantes a dois,
Pois sei que, ao fazer isso, só restará para mim depois
Apenas uma alma solitária na praça
Que, a chorar nua, lamenta sua desgraça...

Mas o tempo esfriará esse amor entre nós dois
E destes sentimentos só sobrarão depois
As lembranças de um romance enterrado...
Sob a sombra de nosso passado!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O menino e o pássaro



Como um pássaro, te vi voando pelos ares,
Pairando sobre o vento...
Eu, sem asas, me pus a correr.
Não podia voar, tentei alcançar você.

Meus pés trôpegos atravessavam o vale.
Olhos mirados para o alto: não queriam te perder.
Via tudo acima: o céu, as nuvens, o sol.
Esqueci-me de olhar para o chão, onde meus pés pisavam...

Um passo, uma pedra, o chão!
E foi assim que dei por mim:
Não era este meu destino...

E já voltando pelo meu caminho,
Sem sequer olhar para trás
Pousa em meu ombro o passarinho.

sábado, 20 de abril de 2013

V1D4 L0K4

O corpo balança no balanço da dança.
Esquece tudo: os pés cansados,
As dores na coluna.

Esta batida do som enche os ouvidos, cala a voz.
Pra quê falar?
Se jogue. Se jegue. Pense pouco, fale pouco.
Viva loucamente!

Por uma noite e uns drinks 
A vida parece estar resolvida...
Pra quê pensar mesmo?
Abafa tudo, eleva o canto, abafa o pranto.
Pra quê chorar?

A vida é isto: party.
Não precisamos da parte
Que perdemos em nós mesmos...

domingo, 14 de abril de 2013

A muda muda



Silêncio: é o que faço neste momento.
O silêncio quando as coisas saem do lugar.
Silêncio que dá voz ao sentimento
Das coisas que não se decidem ir ou ficar...

Silêncio, silêncio, silêncio.
...
Não quero mais falar. Estou confuso...
Os olhos baixos, pensamento difuso
Esquivo, silencioso, amordaçado.

Não quero mais falar,
Pois desconheço este meu lado
Que já não sabe mais rimar...

Esta poesia muda fala da muda
Daquela semente plantada em mim
Daquela semente fragilmente desnuda
Que aparentava não ter fim...