“O
mal do mundo moderno é a liberdade”... Pesada essa afirmação, não é? Também
acho. Ela foi feita por um sujeito social, provavelmente pai de família. Imagino
nele também a figura de um bom cristão, daqueles que vai todo domingo à igreja,
paga todos os seus dízimos e dá esmola aos pedintes. E digo assim tomando como
base o perfil de sua foto. Alguém poderia condenar tal homem santo, zelador e
propagador dos bons costumes? Jamais, não é mesmo?
Pois
é, interessantemente nossa sociedade está repleta de bons samaritanos como
esses. Sujeitos que são exemplos de prática moral e cívica. E aqui não desejo
recriminá-los por serem como são ou acreditarem no que acreditam, afinal não é
um direito que lhes assiste? Eu, porém, na condição em que me colocam e colocam
a muitos como eu, não correspondo ao perfil sagrado tão aceito por esses
indivíduos.
Pronto,
já podemos nos dar as mãos e seguir rumo a um futuro posterior longe de
rancores, preconceitos e conflitos? Não... Espera! Tinha esquecido um detalhe
importantíssimo: tais pessoas não aceitam, de maneira alguma, aquilo que está
além de seu mundo sagrado! Para elas é melhor sentir dor a gozo, fazer guerra ao
invés de semear a paz. Para elas é melhor, muito melhor, abrir mão da LIBERDADE
e encará-la como um “mal da modernidade” a nos tornar sujeitos livres, apesar
de diversos e diferentes.
Como
deveria eu me sentir nessa situação? Qual o meu lugar perante a uma sociedade
higiênica daquilo que é considerado “anormal”, “desviante”, “ofensivo”, “intolerável”,
“ridículo”, “insano” – só para citar alguns– ? Deveria eu me calar e aceitar de
bom grado a difamação e, quem sabe, até a tomada de minha liberdade? Eu
respondo a esta pergunta: JAMAIS!
Talvez
o que mais me irrite, a ponto de ficar em nervos, é que quando é tocado algum
objeto de sua crença, defendem com unhas e dentes seus princípios e ai de quem
estiver envolvido no “babado”! Alguém se lembra da grande polêmica acerca da
retirada da frase “Deus seja louvado” nas cédulas de real ou das declarações
infundadas do Pr. “psicólogo” Silas Malafaia? Seu objetivo era claro:
converter, a qualquer custo, sem se importar realmente se aprovávamos ou desejávamos
aquilo.
Agora,
quando o assunto é tocante a nossa categoria, somos um bando de desocupados, de
ressentidos, que nos ofendemos tão facilmente, não é? Veja-se o que aconteceu
em uma recente matéria publicada no site UOL sobre uma apostila que usava, sim,
de uma visão preconceituosa, onde o naturalmente correto seria a junção
heteronormativa: homem-mulher. Quer dizer que dois homens não podem, ou não
devem se atrair? Em declaração à matéria o diretor da escola afirmou: "O normal é que o sexo masculino
seja atraído pelo sexo feminino, não tem nada a ver com homofobia.",
então quer dizer que não tem nada a ver com homofobia, mas somos considerados
anormais? Que monte de paradoxos ridículos! (Ver matéria:http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/05/associacao-lgbt-denuncia-escola-por-material-didatico-homofobico.htm#comentarios)
Reprodução do material sobre o princípio da atração e repulsão |
A primeira citação supracitada foi de um desses
defensores morais do “mundo moderno”, o qual juntamente com a maioria das
pessoas que comentaram tal matéria fomenta e subsidia uma visão religiosa – é isso
mesmo, da moral cristã! – e conservadora de visões medievais de existir e ser
no mundo.
Só pra finalizar: não sou um próton, nem um elétron
para estarem me utilizando como exemplo didático de seus livros infantis. Sou
um ser humano, dotado de consciência e de direitos, inclusive da liberdade que
querem me tirar. Portanto quando quiserem fazer chacota de mim, e assumirem seu
mundinho limitado de ser, faça-me o favor: sejam homens de verdade!
*Texto também publicado em http://blogallysonmoreira.blogspot.com.br/
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