terça-feira, 19 de março de 2013

Carta aberta aos pais autocráticos


Já nem sei mais como devo começar este texto... A pergunta disparadora é: são os filhos uma propriedade? Gente, por favor, tudo bem que eu tenho de respeitar as opiniões alheias, mas é INCONCEBÍVEL um absurdo desse tamanho! Filhos NÃO são uma propriedade particular de seus pais! já respondendo a pergunta.
Não são uma possessão por terem sido estes quem conceberam nossa nascença! São figuras, sim, aos quais devemos respeito e consideração. Até porque, poxa, imaginem o tanto de trabalho e de recursos que não são deslocados pra criar um indivíduo! Mas isto dá o direito de um sujeito apoderar-se da existência alheia, assumindo a figura de um monarca autoritarista sobre nossas vidas?
A resposta não é objetiva para muitos e quase nada prática pra maioria dos casos. Afinal, qual destes pais deixaria voar assim tão facilmente "algo" que lhe custou tanto esforço e dedicação? E não falo aqui só financeiramente, mas moralmente também! Certamente, pois há pais e mais pais que cobram um preço simbólico extremamente alto para um sujeito dotado de singularidade e, ao menos teoricamente, de liberdade: o preço de sermos uma massinha de modelar inerte e submissa!
Aprendi na faculdade e também na vida fora dela que somos um campo infinito de novas possibilidades. Aprendi que nós os seres humanos somos livres para traçarmos nossos próprios caminhos e, por mais que nos seja negado isto, precisamos de um lugar para nós no mundo, onde consigamos enxergar nossa existência mais própria, assim como defendeu Heidegger, Sartre, Rogers, entre vários outros filósofos e psicólogos existenciais.
Não é uma utopia portanto. A lógica natural é um desprendimento de sua prole para que possa ela enfrentar ser aquilo que almeja e deseja para sua vida, e não ser castrado destas possibilidades. Fecham-se os caminhos, cerceia-se a liberdade e acaba aquilo que mais prezamos para a cada um de nós: a dignidade...
Nós todos somos seres dignos de assumir nossa condição de existência, a partir do momento que já possamos caminhar com nossos próprios pés, e já não necessitamos mais de permanecer presos ao cordão umbilical, agora imaginário, que prendem pais e filhos em tal relação desarmoniosa em questão. Deixem seus filhos terem paz, e filhos de hoje, nunca esqueçam de como é mau ter, não apenas o rabo, mas a perna, os braços, em suma, o corpo todo, preso embaixo dos pés!

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