sábado, 25 de agosto de 2012

...?

     Ao falar de "conhecimento" é impossível começar por um ponto comum, ou seja, de onde ela exatamente brotou, pois sua consumação foi favorecida por diversos fatores, indivíduos e contextos. Mas me parece razoável dizer, a grosso modo, porque ela surgiu: precisávamos saber e agir.
     Elaborei estas duas respostas porque tentei separar o conhecimento enquanto explicação e compreensão das coisas e suas causas, do conhecimento prático ou técnico, utilizado para superar nossas limitações e otimizar nossa atuação no ambiente. Ainda destas duas categorias escolherei trabalhar em cima do conhecimento enquanto busca por compreensão do mundo que nos circunda, pois é dela que parte o interesse em descobrir a "verdade" das coisas. E, nessa jornada, a filosofia vai ser minha grande parceira.
     Vejamos, pois, o que acontece na ciência psicológica, a qual será meu alvo específico: seu objeto de estudo é o homem, mas não o homem por inteiro, pois outras ciências compartilham, em cima do mesmo objeto, outros interesses. Assim sendo, a psicologia se prestaria a estudar a mente? Provavelmente seja esta a concepção de muita gente, ainda que guiado pelo senso comum. Mas no meio científico há quem diga que não: é o caso de William M Baum, descendente teórico do movimento behaviorista. Para ele crer na mente é como acreditar na alma, entidade sobrenatural e que a ciência, em função de seu caráter materialista e determinista, não seria capaz de entendê-la. Por esse motivo é preferível estudar as manifestações comportamentais do indivíduo, e não o "conteúdo mental", segundo ele, totalmente subjetivo.
     Uma outra concepção psicológica, a Psicologia humanista ou existencialista, aborda a mesma questão, mas sobre outro prisma: da existência inter-subjetiva. Isto é, o homem é dotado de racionalidade e consciência, fatores que atribuem ao humano a faculdade de decidir e escolher suas ações. Se podemos guiar nossas ações não é ilógico aceitar uma ciência tão pragmática e determinista sobre o universo humano?
     Nesta briga metodológica, feliz daqueles que ainda percebem a existência dessas fronteiras pré-estabelecidas, porque ao ler certos artigos científicos não dá pra saber se ele prefere acreditar num mundo cheio de engrenagens ou numa verdadeira utopia! Foi o que aconteceu quando li um certo artigo de neurociências: "Protegidos contra a tempestade", por Susanne Rytina e Joachim Marschall. Basicamente o presente artigo pretendia traçar a relação entre genética e fatores ambientais, assuntos de uma base fundamentalmente determinista, correto? Não foi bem esta a resposta dada pelos pesquisadores, que terminaram seu artigo com afirmação bem paradoxal: "todos podem trabalhar o próprio caráter". Afinal, sou determinado, livre, ou os dois?
     Talvez não houvesse mesmo esta necessidade de categorização, a qual o os herdeiros da ciência moderna nos impelem a realizar. O velho e traiçoeiro dualismo cartesiano, ou mesmo sua noção mecanicista, está ainda assombrando os pensadores deste século, mesmo aqueles que já atentaram para as limitações deste modo de produção científico. E desse fantasma, somos constantemente e multilateralmente obrigados a decidir: por qual caminho, posicionamento, corrente teórica verdadeira, seremos guiados?
     Afinal somos realmente capazes de fazer esta escolha? E se formos incapazes de alcançar um "conhecimento verdadeiro" dos fatos, o qual a minha própria amiga filosofia epistemológica me mostra? É possível criar uma "nova ciência", mais pura, numa base distorcida e carcumida?
     As próximas linhas deste texto não serão para dizer o que é certo, ou errado, mas para deixar aberto aquilo que nunca deveria ter sido fechado:

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