quarta-feira, 26 de junho de 2013

A vantagem de ser GAY

     Não é a toa que nos chamam de gay ou, traduzindo do inglês, “alegre”, “divertido”...  É que em muitos momentos precisamos ser fortes e estampar um sorriso na cara, mesmo estando destroçados internamente... O mundo afora não tem sido muito agradável e receptivo para conosco. As pessoas torcem o nariz, viram o rosto: mal conseguem esconder o nojo e o ódio que sentem por pessoas como eu, que pecou tão somente por nascer diferente.
     Colocam a mim na mesma corja que criminosos, assassinos, pedófilos... Não importa quem somos ou o que pensamos, mas independente de nossa humanidade, estamos todos condenados a ser uma categoria amaldiçoada a ser limpa pela sociedade. Muitos de nós somos expulsos de casa todos os dias, perdemos “amigos” e nos escondemos em enclaves – muitas vezes temos medo até de sair na rua, sem que alguma lâmpada fluorescente nos acerte na cabeça... –, muitos de nós sequer nos assumimos, encurralados por tantas opiniões preconceituosas e ações repressivas de todos os lados.
   Para ser gay neste mundo, antes de tudo, é preciso saber morrer todos os dias um pouquinho, esvair nosso orgulho, humilhar-se... É preciso também saber esconder-se: vestir roupas socialmente mais aceitas, andar cronometricamente compassados e ensaiados, vigiar nossos gestos e expressões: trata-se de uma questão de sobrevivência! Escondemo-nos de nossa família, em muitos casos, de nossos amigos. Em outros há até quem se esconda de si mesmo! Ser gay definitivamente pode até ser chamado de pesadelo, não pela sua natureza, mas pelo que nos fazem viver: um pesadelo que não acaba com o raiar do dia e que cessa temporariamente à noite, quando estamos desacordados.
    Tentam calar nossa voz, tentam conter nosso grito, silenciar nosso choro, esconder nossas feridas... Pior: querem nos colocar como coisa passível de tratamento, como se fôssemos algo a ser corrigido, ao passo que seguem reforçando um discurso moral – sim, primeiramente moral – de que homossexualidade não é apenas um “desvio”, mas uma abominação, um pecado inadmissível (claro que o projeto popularmente intitulado de “cura gay” não tem nada a ver com interesses de camadas conservadoras, não é mesmo?) e que deve ser exterminado, ou curado – em nome de Gesuis!
    Apesar de uma vida regrada e reprimida não titubeio em dizer: tenho ORGULHO de ser gay. Tenho ORGULHO de ser capaz de entender o sofrimento das minorias. Tenho ORGULHO de saber disseminar alegria, solidariedade e amor, mesmo recebendo como troco um cuspe na cara e xingamentos de toda sorte... Tenho ORGULHO de ser gay, porque, diferente do que tentam me convencer, eu sou diferente como uma rara orquídea, a qual em sendo igual perderia toda sua beleza!





3 comentários:

  1. O respaldo dado a condição homossexual é uma luta diária, o desabafo em palavras, lágrimas e arte são bem conotados, mas as vezes esquecemos dos muitos que desabafam entregando suas vidas, preferindo a morte à viver o peso que pode ser, em determinadas condições, ser gay. E isso me assusta. Um dia ouvi uma pergunta feita a um ser de construção ideológica heteronormativa, que tanto me fez pensar "Você acha que se escolhe ser gay?" , o mesmo respondeu que "sim!". - "E quando foi que você escolheu ser homossexual" "Eu nasci Hetero", - "E os gays?", "Eu nunca havia pensado nisso". De toda a questão o que me interessa é "EU NUNCA HAVIA PENSADO NISSO", quantas coisas não nos passam despercebidas historicamente por falta de reflexão mínima... E se todos fossem questionados a cerca de tal questão, que argumentos teríamos?! Claro, que meu discurso é simplista, mas pense comigo, o que pessoas longe dos padrões heternormativos podem fazer para acabar com esse sofrimento, com esta sina pré descrita a quase todos, eu acredito não acredito mais no discurso de aceitação, não suporto mais ter que implorar por aceitação, nossa LUTA não tem que ser por aceitação perante o mundo, mas sim, por RESPEITO. Pouco me interessam se discordam da forma do meu amor, eu quero que me RESPEITEM, temos que nos impor, chega de se ESCONDER! Pois mesmo quando assumimos nossa essência, somos castrados de nossos direitos mínimos, não podemos amar em público, falar sobre como nos sentimos no mundo do lado de quem não nos conhece, um beijo a que não se esconda da luz é um PECADO CONTRA A SOCIEDADE. As crianças não podem ouvir sobre nós e assim segue a cadeia privativa, castradora, limitante, opressora a qual nos condicionaram e nos condicionamos...Onde estão aqueles que sentem essa opressão calados? Ao ler o que compôs, pouco te conhecendo, muito me identificando, penso: até quanto estes discursos serão sustentados? Quem terá coragem de realmente ser livre? QUEM? Quantos mais serão expulsos não só de suas casas, mas expulsos de suas vidas. Quantos MAIS?!!!

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